De estudante para estudante

sábado, 4 de dezembro de 2010

PUBLICIDADE DE MASSA PARA CRIANÇAS


A utilização de pesadas propagandas para o consumo infantil de brinquedos nesse Natal.




      Estamos no final do ano, e tudo o que pensamos é nas tão desejadas férias de dezembro.

      É tempo para se fazer viagens, para descansar e para as tumultuadas compras de Natal, data na qual, muitos comemoram com festas e presentes trocados.

      É à partir da idéia de venda e compra de presentes que as empresas de brinquedos infantis tiram aproveito dessa ocasião para colocar na televisão mais propagandas destinadas à crianças, fazendo com elas entrem cada vez mais no consumismo.
       O requisito ‘publicidade’ passa então, a ser uma prioridade para uma boa venda, com a missão de ludibriar as crianças. As propagandas vem em versões fáceis de entendimento com recursos técnicos para que os brinquedos pareçam ter vida e, em um intervalo de tempo mínimo. A repetição de um determinado produto infantil na mídia passa à ser, muitas vezes, cansativo.
       No período da manhã, onde se encontra a maioria dos programas infantis, o comercial entre um bloco e outro, é em sua maioria, destinada para crianças de 0 à 10 anos, tanto para o sexo feminino quanto para o masculino. Nelas são mostrados brinquedos dos quais, realmente, parecem ganhar vida própria graças aos efeitos usados pelos computadores. Propagandas como a da boneca Barbie, Ben10, Max Steel, Hot Wheels e outras bonecas.
       Numa conversa com a pequena Mariana Cordeiro de apenas, quatro anos de idade, é fácil perceber a grande influência exercida das propagandas sobre ela.
        Mariana conta que esse ano, ela quer ganhar de Natal uma boneca, mas não qualquer boneca. Ela explica: “É uma boneca especial, porque ela vem de um filme. Ela tem um colar que pisca e um vestido que muda de cor. É linda! Ainda por cima tem um Castelo de Diamante. A menina que brinca com ela no comercial está feliz, e quando eu tiver ela, também ficarei feliz. Não é, mãe?”
        A boneca citada por  Mariana é a famosa Barbie. Sua propaganda mostra duas meninas brincando alegremente com ela e descrevendo tudo o que a boneca pode fazer, incluindo um pingente no colar que pisca e um vestido que consegue se desdobrar e mudar de cor. Ao fundo à uma canção doce. Ao final da propaganda aparece a Barbie e sua amiga andando sozinhas em um tipo de carruagem.
         A mãe de Mariana, Carla Cordeiro, diz que sua filha já não saia da frente da televisão por causa dos desenhos, e que agora, não sai nem mesmo nas propagandas, por causa das dezenas de brinquedos que estão em lançamento, deixando-a fascinada.
        “Cada dia ela pede algo diferente. Ontem foi um cachorro que falava, hoje é essa boneca, amanhã deve ser algo como um robô que me substitua como mãe.” Brinca Carla.
         A psicóloga Marta Vasconcellos explica que para as crianças tudo o que acontece nas propagandas é muito real. Então se um brinquedo consegue dançar, lutar, falar, pular sozinho na TV, para elas, esses mesmos brinquedos irão conseguir fazer essas coisas em casa.
         “Não é fácil para uma criança como a Isabela, por exemplo, que tem somente quatro anos de idade, diferenciar recursos técnicos projetados por computadores de uma realidade, onde na verdade o brinquedo é apenas um plástico duro que apenas irá fazer aquilo que você fazer com ele.” Explica Marta.
          Não são apenas os pais de Mariana que passam por isso. Na casa da costureira Fabiana de Oliveira a mesma situação acontece.
         Felipe tem 6 anos de idade, e à cada hora ele pede algo diferente para a mãe. “Tudo o que ele vê na Televisão, ele me pede. Sabe que eu não vou comprar, mas mesmo assim pede. É tal de ‘mãe me dá isso, mãe me dá aquilo’ que eu já nem agüento mais.” desabafa Fernanda.
         Para ela ter de dizer não ao filho traz tristeza, mas ela sabe que muitas vezes Felipe só pede mesmo por pedir, e que não tem um interesse de verdade naquilo.
          “Eu sei que é assim, porque uma vez comprei pra ele um boneco que aparecia na televisão lutando e escalando em pedras. Ele chorava pelo brinquedo, cansada de ouvir as lamentações dele, fui na loja e comprei. Passou dois dias. No terceiro dia o brinquedo já estava de lado quebrado enquanto ele estava brincando com um graveto de arvore. Perguntei pra ele o que havia acontecido e ele me disse que foi fazer como o menino da propaganda e acabou quebrando o brinquedo e que não o queria mais, pois ele era muito duro e sem graça. Fiquei muito brava aquele dia, mas aprendi a lição.”
          Ao chegar da escola, Felipe faz o seguinte trajeto: Diz “oi”, joga a bolsa e os sapatos no quarto, liga a televisão e diz à mãe que está com fome. A mãe o manda para o banho e Felipe responde: “Mãe, vai começar meu programa agora. Vou comer, assistir meu programa e depois eu vou pro banho.”
          Enquanto estava no intervalo, passou uma propaganda da qual chamou a atenção de Felipe. Tratava-se de um brinquedo do personagem ‘Ben10’. Um relógio que fazia formatos de monstros com uma luz verde. Foi então que Felipe começou: “Mãe, me dá esse? Prometo que não vou estragar! Imagina eu chegando e mostrando isso para os meus amigos? Compra mãe?”
          Foi perguntado para Felipe o que aquele brinquedo tinha de especial, e ele disse que, o brinquedo parecia mágico com aquelas luzes em formato de monstros.
          Não havia passado um minuto direito e a propaganda que deixara Felipe tão encantado voltou à aparecer. Nesse momento toda sua euforia e os pedidos de ‘Compra mãe’ retornaram.
          A psicóloga Marta explica que esse tipo de reação é a esperada quando se é colocada na mídia várias vezes a mesma propaganda com tão pouco intervalo de tempo. “Isso deixa, tanto a criança, quanto a mãe, em estado de loucura. A criança porque, fica ainda mais encantada com o brinquedo o querendo e o pedindo de toda maneira. E a mãe porque já não agüenta mais ter que ouvir os pedidos absurdos do filho e ter que responder não.”
          É nesse clima de ‘compra mãe’ que seguimos até o Natal. Provavelmente a criança irá ganhar outro brinquedo e esquecer aquele por qual tanto chorava ou terá a ‘sorte’ de ter aquilo que pediu por tantos e tantos dias.
          O importante é não perder o clima natalino, saber o do porque comemoramos essa data e o que importa de fato. Até mesmo porque, depois do Natal, os pedidos de ‘compra mãe’ recomeçam no ano novo e se estendem no Carnaval, na Páscoa, no aniversário e em tantas outras datas singelas que acabam ganhando uma ‘pitadinha’ da mídia para o chamado consumismo.



Postado por: Fernanda Pedrone

Nenhum comentário:

Postar um comentário